Corredor viário na Alameda, mais uma imposição

Corredor viário na Alameda, mais uma imposiçãoParece que virou epidemia o “mal” dos projetos impositivos, que mesmo questionados pela população e por técnicos de competência renomada, assim mesmo são levados adiante pelos governos.
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Assim foi com o “Trânsito Livre”, que, em audiência pública promovida pelo vereador ZAFF na Câmara Municipal de Niterói, foi condenado pelos moradores do Bairro de Fátima e até profissionais ligados ao tráfego. Não adiantou de nada. O “Trânsito Livre” foi imposto há 15 dias, levando Niterói a um caos diário, só visto antigamente em dias de grandes temporais ou acidentes na Ponte Rio – Niterói. No dia 3 de setembro, foi apresentado o corredor viário na Alameda São Boaventura, questionado pelo vereador ZAFF e que teve rejeição dos cerca de 300 moradores presentes ao Fonseca Atlético Clube. Mesmo assim, o governo estadual já vai licitar as obras e promete começar as obras em outubro.

No dia 3 de setembro, moradores, comerciantes, representantes da sociedade civil e líderes comunitários debateram, no Fonseca Atlético Clube, em Niterói, a construção do Corredor Viário da Alameda São Boaventura. A Audiência Pública, promovida pela Comissão de Assuntos Municipais e Desenvolvimento Regional da Alerj, contou com a presença do secretário estadual de Transportes, Julio Lopes e da secretária de Serviços Públicos, Trânsito e Transportes de Niterói, Dayse Monassa, acompanhados de seus assessores, e de vereadores niteroienses, entre eles ZAFF.

Como o secretário Júlio Lopes demorava em chegar (a reunião estava marcada para 19 horas e até às 20 horas ele não aparecera) foi franqueada a palavra para autoridades que compunham a mesa. Apenas ZAFF tomou a palavra, ante a recusa de outros em se pronunciar. Dizendo que faria uma observação mais detalhada após a exposição do projeto, ZAFF entregou à secretária Dayse Monassa cópia de um requerimento (86/2007), enviado no dia 26 de abril de 2007, sem nunca ter tido resposta.

Neste documento, ZAFF solicita respostas, relacionadas à Audiência Pública sobre a Alameda, realizada na Câmara Municipal de Niterói, no dia 19 de abril de 2007, onde estiveram presentes o Secretário Estadual de Transporte Julio Lopes e a Secretária Municipal de Serviços Públicos, Trânsito e Transporte Dayse Monassa. Os questionamentos foram feitos no decorrer da audiência e foi combinado que os mesmos seriam respondidos pela Secretária do Município. Justificando que o requerimento visava maiores esclarecimentos, como também informar e tranqüilizar os moradores e usuários daquela via.

O documento contém as seguintes questões:
I – Qual o procedimento para embarque e desembarque de passageiros nas baias e a correspondente travessia para as calçadas do bairro? II – Qual a alternativa para escoar o excesso tráfego decorrente da obra durante o período? III – As soluções para o problema do trânsito, existente hoje no período de chuvas fortes? IV – Por ser uma máquina, a solução em caso de mau funcionamento? V – Não sendo um transporte regular de passageiros, por onde se procederá o embarque e desembarque e também a sua circulação: no caso das Vans ou transporte alternativo. VI – Qual(is) a(s) solução(ões) técnica(s) a ser(em) adotada(s) para o gerenciamento físico do “X” na entrada e saída da ponte e para o fim da Alameda? VII – no sistema de controle informatizado; como será evitada a solicitação de parada de veículos para mais de uma linha que tenha o mesmo destino? VIII – Uma vez atendida a demanda na baia, como se dará a desabilitação do sinal da demanda? IX – Dependendo da solução ao questionamento anterior, qual o custo e qual o investimento deverá ser feito no interior do transporte (ônibus)? X – Os caminhões de fornecedores aos comércios ao longo da Alameda (para carga e descarga), terão horário e/ou local para assistir o comércio e para transitar pela ponte?

Aberta a audiência pública no Fonseca A.C. Júlio Lopes apresentou o projeto como a primeira grande obra do governo Sérgio Cabral. O subsecretário estadual de Transportes, Delmo Pinho, expôs aos presentes os detalhes do projeto que prevê a criação de uma faixa seletiva para ônibus na Alameda e na Avenida Feliciano Sodré. Entre outras intervenções, será feita a cobertura de um trecho do canal da Alameda para construção de seis plataformas de embarque e desembarque e a implantação de um sistema informatizado para controlar o tráfego e a velocidade no corredor. De acordo com o projeto apresentado, os ônibus contarão com uma faixa exclusiva, no centro da via de circulação, em ambos os sentidos do tráfego, e cada plataforma terá capacidade de receber até oito ônibus de cada vez. Os outros veículos trafegarão por duas pistas laterais, próximas à calçada. Faixas de pedestres cruzando a alameda, com semáforos controlados eletronicamente, permitirão o acesso dos passageiros aos terminais de embarque e a travessia de pedestres.
O público presente não mostrou aprovação pelo que foi exposto e muitos pediram para se manifestar no microfone. Mas, devido ao adiantado da hora, poucos puderam fazer seu protesto e tirar várias dúvidas sobre o projeto. Questões sobre as condições de segurança na travessia de pedestres, a acessibilidade para portadores de deficiência, o risco de engarrafamentos em caso de avaria de coletivos nas baias de acesso às plataformas e o impacto ambiental da obra, como retirada de árvores e riscos de enchentes – já que parte do canal será coberta por uma laje – figuraram entre as principais perguntas.
Fechando a audiência pública, ZAFF fez um breve comentário, enfatizando que, como profundo conhecedor da Alameda São Boaventura, já que nasceu e foi criado no Bairro do Fonseca, concordava com os moradores que havia feito várias críticas ao projeto. ZAFF lembrou que a entrada e saída dos ônibus nas baias reduziriam a velocidade dos mesmos, gerando uma grande retenção na faixa seletiva. Disse, também, que os criadores do projeto parecem de existem linhas que precisam entrar à direita da Alameda, como 49 e 43 e isso não está previsto no plano. Por fim, o vereador disse que ainda aguarda respostas ao requerimento com as perguntas sobre o projeto.
Encerrando a audiência, que a esta altura já gerava protestos das mais de 300 pessoas presentes, O secretário Julio Lopes tentou tranqüilizar a todos, explicando que os estudos para implantação do corredor foram realizados por especialistas. Disse também que tem certeza do sucesso do projeto.
– Viemos aqui ouvir vocês e estamos abertos para acolher todas as sugestões que possam colaborar para melhorar o projeto. Todas as dúvidas serão avaliadas e levadas em consideração, afirmou.
Porém, essa afirmativa não corresponde à verdade, já que, uma semana após a audiência pública no Fonseca Atlético Clube, foi aberta licitação para a execução das obras para o corredor viário da Alameda São Boaventura, cujas obras devem começar em meados de outubro. Ou seja, Os mais de 300 moradores que foram à audiência, apontaram erros e não aprovaram o projeto, perderam seu tempo, porque a obra sairá de qualquer jeito, por imposição do governo estadual.